terça-feira, 3 de novembro de 2015

Anna Karenina - Filme - Resenha

Século XIX. Anna Karenina (Keira Knightley) é casada com Alexei Karenin (Jude Law), um rico funcionário do governo. Ao viajar para consolar a cunhada, que vive uma crise no casamento devido à infidelidade do marido, ela conhece o conde Vronsky (Aaron Johnson), que passa a cortejá-la. Apesar da atração que sente, Anna o repele e decide voltar para sua cidade. Entretanto, Vronsky a encontra na estação do trem, onde confessa seu amor. Anna resolve se separar de Karenin, só que o marido se recusa a lhe conceder o divórcio e ainda a impede de ver o filho deles.

"O amor justifica essa loucura?"

Anna Karenina foi lançado em 2012 pelo diretor Joe Wright (responsável por filmes como Atonement e Pride andPrejudice); o responsável pela adaptação da obra de Tolstói para as telas foi Tom Stoppard. O filme dura cerca de 2hs e tem em seu elenco Keira Knightley, Jude Law, Aaron Taylor-Johnson e Matthew Macfadyen.

O filme conta a história de Anna Karenina uma aristocrata russa que vive um casamento monótono com um grande político. Ela viaja, participa de eventos sofisticados, vive quase de maneira individual ao seu casamento, a não ser pela forte ligação com seu filho.
O irmão de Anna anda sofrendo problemas em seu casamento devido a uma traição, que partiu dele mesmo, com a intenção de conversar e convencer sua cunhada, Anna vai visitá-los, e durante essa viagem ela conhece uma importante mulher, a irmã do rapaz que mudará sua vida para sempre.
É interessante ver como enquanto conversava com sua cunhada Anna defendia o irmão, de maneira que até compreensível, usando de forma racional argumentos emocionais.

“Era o animal que há no homem, não a alma.”

Entretanto, mesmo possuindo tal conhecimento sobre esse tipo de situação ela não foi racional o suficiente para não se deixar entregar às emoções, agindo assim, como ela mesmo havia falado sobre seu irmão, com um animal. Ela se entrega de maneira irracional e sem censura à um romance proibido com o possível futuro marido de sua sobrinha.
Quando seu marido começar a desconfiar já era tarde mais, um homem cristão e extremamente respeitador, que até mesmo ao confrontar sua esposa sobre um possível caso, consegue ser respeitoso e doce.

“Considero o ciúme ofensivo para você e degradante para mim. Não tenho o direito de questionar seus sentimentos. Eles pertencem apenas à sua consciência.”

Ora, mas ele também é humano, em certo momento torna-se agressivo, e diz que jamais perdoará a esposa. Será que o amor, mesmo sendo um sentimento puro, pode transformar uma pessoa boa em uma pessoa má? Ele foi errado em não perdoar? Cada personagem é questionado e se questiona a respeito de tudo nessa história. Ninguém fica a imune a humanidade.

Existem também as tramas paralelas, a jovem princesa que disse não quando pensava ter uma opção melhor, mas que depois de ver a desgraça se comove com seu antigo pretendente. Rapaz esse, inclusive que era nada ruim, pelo contrário, o mais sincero e apaixonado dos personagens com mais inocência e coragem de amar em seu coração. Seu nome é Konstantin Dmitrievich.

“Você morreria por amor Konstantin Dmitrievich?
Sim. Mas não pela esposa do meu próximo. Um amor impuro não é amor para mim. Admirar a esposa de outro homem é algo agradável, mas sucumbir a um desejo puramente sensual é ganância, uma espécie de glutonia, e má utilização de algo sagrado que nos foi dado para podermos escolher uma pessoa com quem completar nossa humanidade. Sem isso somos como animais.”

Anna decide largar tudo para viver seu amor proibido, e pouco a pouco a verdade lhe vem à tona. Passamos a vê-la de forma degradante e leviana. Engraçado que para seu ex-amante e futuro marido ela agora pareça inconsequente e tola. Sua opinião mudou a respeito da mulher que amava, quando as atitudes dela a respeito de seu ex-marido, passaram a ser feitas agora com ele. Ou talvez contra ele, já que a reputação do casal não é das melhores.

“Eu a visitaria se ela tivesse cometido um crime. Mas ela quebrou as regras”.

Anna, logo após um momento em que todos ficam escandalizados por sua presença, se vê sozinha, desconfiada, triste, depressiva, suicida, arrependida e indigna. A vida de Anna foi completamente levada por sua falta de escolhas, deixando-se levar apenas pelo que achava que sentia, e pelo acreditava que seu amante sentia. Mas aí vem a pergunta: para uma decisão ser considerada correta ela deve ser tomada de forma racional? Somente o que é racional é correto?

Não posso dizer que o filme seja esplendoroso em tudo, mas a história com certeza é. Anna e todos à sua volta são extremamente reais e genuínos. E só formamos uma opinião a respeito dela porque ela é a protagonista, com certeza se o foco fosse outro, poderíamos proliferar as mesmas palavras a respeito de qualquer um.
Anna é incrivelmente emocional e tola, amorosa e egoísta, doce e arrogante, vaidosa e degradante, e errante ao extremo. Mas enfim, quem não é?

terça-feira, 4 de março de 2014

Clube da Luta (Fight Club) - Chuck Palahniuk - Resenha


“Esta é a sua vida, e ela está acabando um minuto por vez.”. –Fight Club

“Nós somos os filhos do meio da história, sem propósito ou lugar. Não tivemos Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão. Nossa grande guerra é a guerra espiritual, nossa grande depressão é a nossa vida.”

Fight Club, lançado em língua portuguesa como Clube da Luta, foi o segundo livro escrito por Chuck Palahniuk, mas foi o primeiro que o escritor conseguiu publicar. O romance saiu em 1996, e até hoje e considerando um dos mais originais, provocativos e perturbadores de sua época. Rendendo ao autor alguns prêmios e muita polêmica.

Fight Club conta a história de um homem, sem nome no livro, irado, cansado e infeliz com sua vida fútil e vazia; sem família e sem amigos, para ele nada importa ou faz sentido. Sua infelicidade e seu vazio existencial são tão grandes, que chegam a lhe causar insônia. Na tentativa de resolver seu problema ele começa a participar de grupos de apoio à pessoas doentes em estado terminal, acreditando que se ver sofrimento de verdade, sua infelicidade diminuirá.

“Toda noite eu morria, e toda noite eu nascia.”.

O plano funciona muito bem durante dois anos, até que ele conhece Marla Singer. Uma mulher que, assim como ele, é uma falsária. Marla também sofre com uma vida vazia e sem sentido, e encontra no maior sofrimento dos outros, a sua paz de espírito. Com isso, as coisas na vida do personagem voltam a piorar; até que durante uma viagem de trabalho, ele conhece Tyler Durden.

E então nasce o Clube da luta.

As regras são:
Primeira: Você não fala sobre o Clube da Luta.
Segunda: Você NÃO fala sobre o Clube da Luta.
Terceira: Quando alguém diz “pare” ou fica desacordado, mesmo que esteja fingindo, a luta acaba.
Quarta: Apenas duas pessoas por luta.
Quinta: Uma luta por vez.
Sexta: Sem camisa e sem sapatos.
Sétima: As lutas duram o tempo que tiverem que durar.

A historia é narrada em primeira pessoa, e a genialidade de Chuck transborda em cada página. Com uma construção de narração não linear, e não cronológica, o texto parece correr das páginas, parece que nunca se lê rápido o suficiente. Parágrafos de uma linha que jogam trechos do passado no meio do presente causam uma agitação e uma ansiedade impressionantes. Essa narração diferente realmente torna o livro perturbador e até meio macabro.

“Se não consigo chegar ao fundo do poço, não consigo ser salvo.”.

Cabe aqui lembrar, que apesar de se intitular “clube da luta”, violência mesmo, propriamente dita, é algo que quase não tem. Mostrando que o propósito do Clube da Luta não é reunir homens para trocarem socos, mas sim para que possam adquirir autoconhecimento. A violência é psicológica, os ataques são deferidos ao homem em geral como ser humano, e não como ser mais forte ou sociável.

“A meta do projeto era ensinar cada homem que ele tinha poder para controlar a história. Nós, cada um de nós, pode controlar o mundo.”.

O desfecho é com certeza um dos mais surpreendentes da literatura, quando o leitor acha que está entendo como tudo funciona, como o propósito anárquico funciona na vida dos personagens, tudo vira de cabeça para baixo. O fim justifica os meios e explica tudo o que pode parecer confuso ou sem sentido ao longo do livro.

Apesar de o livro ser ótimo, confesso que demorei um pouco pra ler as poucas 270 páginas. É uma história muito pesada, com personagens complexos. O protagonista é um louco, Tyler é um louco e Marla é uma louca! O livro está recheado de ironia e sarcasmo do início ao fim; é subversivo e cheio de ataques ao sistema e a sociedade. Incomoda, perturba e atordoa. E por isso é genial.

“Um momento era o máximo que você poderia esperar de algo perfeito.”.

A edição da editora LeYa, tem uma capa incrível. Tem sangue derramado, sabão e espuma, as letras do título estão em relevo, e cada um desses três itens tem uma composição diferente, realmente uma arte muito criativa e fiel à história.

O norte-americano Chuck Palahniuk não parou por ai, dentre outros seu sétimo livro, Haunted, traduzido em língua portuguesa para 
Assombro, também rendeu polêmica e até alguns desmaios.

O livro Fight Club foi adaptado para o cinema em 1999, com 
Brad PittEdward Norton Helena Bonham Carter nos papéis principais; e um coadjuvante que na época não era tão conhecido, o hoje cantor e ator Jared Leto. A direção foi de David Fincher, que já era querido do público pelo filme Seven.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Desastre Iminente (Belo Desastre #2) [Walking Disaster]- Jamie McGuire - Resenha

Travis perdeu a mãe muito cedo, mas, antes de morrer, ela lhe ensinou duas regras de vida - ame muito, lute mais ainda. Tendo crescido em uma família de homens que gostam de jogos e lutas, Travis Maddox é um cara durão. Musculoso e tatuado, bad boy até o último fio de cabelo, ele leva uma mulher diferente para casa a cada noite. Até conhecer Abby Abernathy. Determinada a se manter longe de problemas, Abby resiste com todas as forças ao charme de Travis, sem saber que assim só o deixa mais determinado a conquistá-la. Será que o invencível Travis 'Cachorro Louco' Maddox vai ser derrotado por uma garota?



“Decidi há um bom tempo que me alimentaria dos abutres até que um colibri aparecesse. Um beija-flor. Uma criatura que arruma um companheiro para a vida toda. Inatingível até que tenha uma razão para confiar em você.”. 
–Walking Disaster

Walking Desaster, publicado em língua portuguesa como Desastre Iminente, é o segundo livro da norte-americana Jamie McGuire,  o romance foi lançado em 2013 pela editora Verus. 
Desastre Iminente teve como objetivo mostrar a visão de Travis Maddox sobre sua história de amor com Abby Abernathy. História que foi primeiramente contada na visão de Abby, no livro Belo Desastre, lançado em 2012, também pela editora Verus.

O primeiro livro foi um enorme sucesso em seu país de origem e no Brasil, os personagens complexos, temperamentais e completamente apaixonados um pelo outro encantou muitos leitores, de todos os sexos e idades. Não tem como ler Belo Desastre e não se apaixonar pelo bad boy/mocinho.

Jamie McGuire foi feliz na escrita desse livro. Pra quem leu Belo Desastre, poder saber tudo que Travis pensou, e quis dizer mas não disse, foi incrível. O desespero dele em se apaixonar pela primeira vez fica evidente. De uma vida com violência, as amizades se limitando apenas ao circulo familiar, e sexo sem sentido com mulheres fáceis,ele se torna um homem apaixonado, carinhoso e preocupado em perder quem ama.

Só não sei se Abby merece isso.

É incrível o quanto essa garota é irritante nessa história. Em Belo Desastre ela parecia mais legal do que em Desastre Iminente. Ela consegue ser fria, rude e nervosinha demais sem nenhum motivo aparente! Quando coisas assim acontecem Travis aparece com um pensamento apaixonado e fica possível terminar a página, caso contrário seria impossível terminar esse livro.

Em muitos momentos ela age como uma doente, com bipolaridade, transtorno de personalidade ou algo assim. Durante todo o livro Travis se desdobra e vira do avesso  para acompanhar as mudanças de humor de Abby. Pode ser até bonitinho de vez em quando, mas ao longo de mais de quatrocentas páginas isso fica enfadonho e maçante.

Mas independentemente disso, o livro é ótimo pra quem leu Belo Desastre e gostou. É um livro quatro estrelas, mesmo com a Abby, vale a pena ler a visão do Travis sobre todos os acontecimentos do primeiro livro.

Pra quem não se cansou da história desses dois, a autora lançou um livro chamado A Beautiful Wedding, que conta a história do casamento repentino deles em Las Vegas.

Belo Desatre teve seus direitos autorais vendidos para a Warner no mesmo ano em que foi lançado. A escolha do elenco ainda não foi feita, mas os fãs apaixonados já tem seus favoritos: TravisMaddox, Belo Desastre.

Obs.: Para a adaptação do romance seria interessante se fizessem, no mesmo filme, as duas perspectivas da história, assim como no filme O Primeiro Amor, que também foi baseado em um livro chamado Flipped.

Vale a pena ler e assistir.

A leitura deste livro serviu para me fazer perceber uma coisa: cansei desse tipo de romance! O carinha bonitão, mas solitário, se apaixona pela mocinha sem personalidade, e aí os autores ficam enchendo linguiça em cima disso.

Não que eu tenha me cansado de histórias de amor, pois eu não e canso do amor, só me cansei de histórinhas sem conteúdo, que não fazem pensar nem refletir em nenhuma página.
Quero histórias com conteúdo, por favor!

sábado, 4 de janeiro de 2014

Carrie, A Estranha (Carrie) - Stephen King - Resenha


Carrie, a Estranha narra a atormentada adolescência de uma jovem problemática, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de levar a vida como as garotas de sua idade. Só que Carrie guarda um segredo: quando ela está por perto, objetos voam, portas são trancadas ao sabor do nada, velas se apagam e voltam a iluminar, misteriosamente.

Aos 16 anos, desajustada socialmente, Carrie prepara sua vingança contra todos os que a prejudicaram. A vendeta vem à tona de forma tão furiosa e amedrontadora que até hoje permanece como exemplo de uma das mais chocantes e inovadoras narrativas de terror de todos os tempos.


                    "Ela fez uma vela acesa cair e trancou as portas...". -Carrie

Carrie, publicado em língua portuguesa como Carrie, A Estranha, foi o primeiro livro do norte-americano Stephen King. Lançado pela primeira vez em 1974, depois de rejeições do próprio autor, o romance foi e ainda é proibido na maioria das escolas estadunidenses.

Mesmo tendo essa história, meu estopim motivador para realizar a leitura do livro foi sua história em si, de como o livro começou a surgir até o momento em que foi publicado. Stephen escreveu Carrie, mas não gostou do resultado, portanto jogou tudo no lixo. Sua esposa pegou o manuscrito no lixo, leu e adorou. Foi ela quem fez King levar o livro até um editor que decidiu publicá-lo. O livro foi um enorme sucesso e alçou King da pobreza e obscuridade a riqueza e fama.

Carrie White é uma adolescente de 16 anos solitária e triste; ela não tem nem um amigo que seja, não se encaixa em nenhum grupo, não é aceita. É constantemente caçoada e segregada pelos colegas da escola. O que ninguém sabe, é que Carrie possui o dom da telecinesia.

Ela é criada por sua mãe, Margaret White, uma fanática religiosa que faz questão de passar todas as suas crenças estapafúrdias para a filha. O pai de Carrie, Ralph White, morreu pouco depois do nascimento da filha, era um sujeito assustador e circunspecto, e devido ao fanatismo religioso seu e de sua esposa, não possuía amigos.

Desde o início o autor revela o que aconteceu à Carrie, deixando clara sua intenção de contar, não exatamente o quê aconteceu, mas como e porquê.

A história é apresentada ao leitor de maneira diferente: pela visão do narrador, que é onisciente e imparcial; e através de artigos jornalísticos, documentos, trechos de livros que falavam sobre o 'caso Carrie White', e até mesmo entrevistas com os que estavam presentes quando ocorreu a tragédia. Tudo isso deu um tom assustadoramente realista à história.

Na introdução do livro, o próprio King disse que esse livro é "cru", "com um surpreendente poder de ferir e apavorar". Antes de ler o romance, procurei algumas resenhas e alguns comentários, (coisa que geralmente não faço), mas nada, nem mesmo o que King disse sobre seu próprio livro, nada me preparou para isso. O livro é uma obra de ficção, e tem o sobrenatural e o fantasioso da telecinesia, mas ainda assim, a história parece verossímil. As coisas pelas quais Carrie passou são perfeitamente possíveis. Coisas com as quais eu me identifiquei, ou me lembraram histórias de amigos meus.

Um ponto positivo, mas ao mesmo tempo negativo do livro, são as frases que aparecem entre parenteses. Não sei se a edição do livro que não é muito boa, (o exemplar que li é a edição de bolso da Ponto de Leitura), mas alguns diálogos não eram bem pontuados, e essas frases entre parenteses, que serviam para transmitir o que a personagem estava pensando, as vezes deixava a leitura confusa.

Cabe aqui lembrar, que por ter tanta vontade de mostrar como e porquê tudo aconteceu, o autor acabou limitando sua personagem à apenas um estado emocional. Ou melhor, dois: tristeza ou ódio. O leitor conhece apenas uma Carrie, a que odeia tudo e todos. Não, não estou estou julgando-a por se sentir assim, mas fica difícil criar empatia com a personagem. Demorei pra ler as pouquíssimas 290 páginas, o livro tem momentos cansativos e as vezes repetitivos.

Enfim, não tem como negar que o livro tem momentos bem chocantes; na época em que foi lançado realmente deve ter feito muito alvoroço. Pra quem já leu outros romances d
o Stephen King, vai perceber que esse com certeza não é um dos melhores; apesar da genialidade do autor se mostrar clara, a imaturidade da história chega a ser pecaminosa. Mas é até justificável, já que esse é o primeiro romance dele.

Justificarei aqui minhas três estrelas: uma pelo livro ser do King; meia pela história; e uma e meia pela ideia brilhante de colocar artigos jornalísticos, e trechos de entrevistas fictícias sobre o caso apresentado no livro.

O romance ganhou uma adaptação cinematográfica em 1976, do diretor 
Brian De Palma, com Sissy SpacekNancy Allen e John Travolta no elenco, o filme foi proibido em alguns países; e agora, em 2013, uma refilmagem dirigida por Kimberly Pierce, com Chlöe Grace Moretz e Julianne Moore no elenco.

Algemas de Seda (Jake and Mimi) - Frank Baldwin - Resenha

Algemas de Seda: a história de Jake e Mimi
Título original: Jake and Mimi    
Autor: Frank Baldwin 
Páginas: 320            Ano: 2012         Editora: Geracão       Colecão Muito Prazer
Nota: Bom
    
Mimi Lessing está noiva do homem que ama, quando seu colega de trabalho, o irresistível Jake Teller, desperta a sua curiosidade e interesse. Disposto a seduzi-la, Jake a convida a assistir, sem ser vista, aos jogos eróticos dele com suas parceiras, a quem leva ao êxtase sexual por meio da dor. A imaginação de Mimi é estimulada a tal ponto, que ela começa a questionar os seus planos de casamento e a sua vida sexual plácida demais com o noivo, sem perceber que, enquanto isso, um homem excêntrico e perigoso secretamente a segue e a observa, inclusive nos momentos mais íntimos.

Algemas de Seda, de Frank Baldwin, foi o primeiro livro da Coleção Muito Prazer, que começou em 2012, e ainda está sendo lançada pela editora Geração. O grau de erotismo de cada romance é representado por uma pimentinha: verde para "picante", laranja para "médio picante", e vermelha para "muito picante".

Jake Teller é um homem galanteador e charmoso; ele é uma espécie de predador, mas um predador muito paciente, não é porque uma mulher o atrai que ele logo parte pra cima, ele deixa que as coisas aconteçam, e quando a oportunidade aparece, ele consegue dar a suas parceiras o sexo mais prazeroso de suas vidas. Mas, com Jake, tudo funciona de uma maneira diferente e inesperada, ele amarra sua escolhida com faixas de seda, da maneira mais conveniente que a situação proporciona, e a leva ao limite. Ele cria tanta tensão que elas imploram pelo seu toque. Ele as leva ao limite, ao limite e além.

Mimi Lessing é uma mulher de 25 anos bonita e inteligente, que está noiva de Mark, seu primeiro e único namorado. Em uma noite durante um jogo entre duas faculdades, um amigo seu, por engano, a agarra e a olha nos olhos com um olhar selvagem e sensual. Mesmo que tenha sido um acidente, e que ela esteja noiva, e que o rapaz que fez isso seja marido de sua cunhada; Mimi percebe que a eletricidade que sentiu era algo que não sentia faz tempo. Percebe que sua vida sexual não a satisfaz mais como antes; as relações que tem com seu noivo, começam sempre do mesmo jeito, acontecem sempre do mesmo jeito, e terminam sempre do mesmo jeito. Como se fosse um roteiro a ser seguido.

Teller e Lessing se conhecem através do trabalho, os dois são contadores. Desde a primeira vez que eles são apresentados percebemos uma atração, ainda não muito forte. Como já falei, as coisas acontecem de maneira sútil e ao mesmo tempo surpreendente. Não é como em alguns romances que o casal se conhece, e na primeira oportunidade estão se agarrando como dois animais. Nesse romance o leitor percebe como e porquê as coisas estão acontecendo. Através de um olhar que é dirigido de certa forma, e que transparece certa ânsia por alguma coisa; um diálogo que muda de tom.

Depois de conhecê-la, e se encantar, Jake a convida para assistir suas sessões de sexo, tortura e prazer...

A história é narrada pela visão de Jake, Mimi e... O Observador. O último é responsável pelo suspense do livro. Foi interessante termos três pontos de vista. Para Teller, o que ele faz é incrível, satisfatório, glorioso, de fazer o sangue ferver; para Lessing assistir à tudo aquilo é excitante e desorientador; e para o Observador é algo sujo, imoral, impróprio e escandaloso.

Uma coisa que não me agrada muito nos livros (principalmente românticos), é o adultério. E é uma coisa que tem de sobra nesse romance. Esses livros acabam, as vezes de maneira não intencional, nos fazendo aceitar que tudo bem trair marido ou namorado (a), se o seu desejo for muito forte.

E eu simplesmente não aceito isso.

Quando se está comprometido com uma pessoa, em um relacionamento monogâmico, a fidelidade deve existir. Se não estiver feliz, converse. Se não tiver jeito, termine. Trair um sentimento que é puro e verdadeiro, por uma prazer que você acha que precisa achar, é algo indesculpável. Mas, mesmo assim, creio que seja perdoável.

Um ótimo exemplo de adultério na literatura, é o genial livro O Primo Basílio, de Eça de Queirós, onde a protagonista, Luísa, acredita que para ser plenamente feliz no casamento, ela tem que ter um amante. E que só assim poderá viver um grande amor. Ideia que acabou levando-a a se relacionar com seu primo; relacionamento clandestino que quando foi descoberto, acabou culminando em sua morte.

Livros românticos (geralmente são direcionados para o público feminino), que mostram mulheres traindo seus maridos ou namorados, e sobre como mentir para o tal é excitante, e como elas saem vitoriosas em suas escapadas é muito chato de se ler. Eu sei que coisas assim acontecem, e que muitos saem "impunes". Mas, por favor, conte-nos histórias de casais que estejam comprometidos apenas um com o outro!

Outro ponto negativo do livro, são os flashes. Alguns são extremamente maçantes; e não entendi o porquê daquelas explicações. Talvez o motivo tenha sido esse: explicações. Mas não justificaram nada. Porque não tinham o quê justificar. Foram partes desnecessárias. Algumas vezes quando chegava num capítulo que eu via que era um flash, dava vontade de pular e vir logo para o 'presente'.

Independentemente disso, devo pontuar algo que achei muito interessante no contexto geral dessa obra: o sexo nesse romance é apresentado como um um... Ultrapassador de barreiras. Não apenas tabus sexuais, mas o consciente e inconsciente de cada um. As partes mais eróticas do livro são em momentos puramente psicológicos. E nós vemos como isso começa a afetar Mimi, como afeta Jake, e as mulheres que ele seduz e leva pra cama. Em vários momentos eu me perguntei: "Caramba, como será que eu reagiria se fizessem isso comigo?”.

O desfecho foi... Legal. Esperava outra coisa... E me surpreendi. E, sinceramente, não de uma maneira muito positiva. Em vez de nos ter dado aqueles flashes, Baldwin deveria ter explicado melhor o 'presente'. Falado mais sobre o Observador.

Enfim, o livro é recomendável. Tem voyeurismo, bondage e sadismo. Não tem linguagem chula. (não que eu tenha alguma coisa contra). E as cenas são criativas, descritas com muitos detalhes e muita classe.

Com certeza vou ler os próximos livros da 
Coleção Muito Prazer.